
Esse conto foi retirado do livro "Minha Vida, Meu Best Seller", um livro de contos leves e deliciosos escrito por Valdomiro Tellechea da Silva, publicado pela editora Paka-Tatu. O autor é Gaúcho e vive em Porto Alegre. Completa 80 anos em 2025, dos quais, há mais de 55 reside na Capital Gaúcha.
Quando aconteceu esta história eu tinha entre 13 e 14 anos.
Tínhamos, no fundo da nossa casa, uma estrebaria onde ficava nossa vaca holandesa, que se chamava Sombra, muito leiteira, em duas tiradas de leite variava de 25 a 30 litros por dia.
Na minha casa, eu e meus irmãos tomávamos muito leite.
Pois muito bem, naquela época aconteceu que um decreto municipal proibiu ter, durante o dia, vacas em terreno urbano e próximo a residências/vizinhos. À noite o animal podia pernoitar.
Meu pai conseguiu um terreno nos arredores, mais precisamente, na zona do Cacaréu, em Uruguaiana. Tínhamos que levar e trazer a Sombra todos os dias. Cabia a minha pessoa buscá-la no final da tarde, antes do anoitecer.
A Sombra conhecia o trajeto de cor e salteado e eu, com minha bicicleta, acompanhando a vaca.
Certa ocasião, vi um gato, todo machucado, estava como se estivesse morto, provavelmente atacado por cachorros. Peguei o animalzinho, vi que estava vivo e levei para minha casa e cuidei dele; logo vi que era uma gata.
Ela começou a se recuperar e eu coloquei o nome dela de Negrita, preta toda malhada de amarelo queimado. Ela melhorou e ficou uma gata muito linda. Em seguida, pegou cria e deu uma ninhada de gatinhos.
Dois dias depois que a Negrita ganhou os gatinhos, eu ganhei um filhote, recém-nascido, de cachorro linguiça; botei o nome de Pirulito. Coloquei o Pirulito para mamar na Negrita e ela aceitou aquele cachorrinho.
A tetinha onde o Pirulito mamava ficou maior que as outras, pois
ele a sugava com mais vigor.
Os gatinhos da Negrita foram dados e o Pirulito cresceu e ficou
adulto.
A Negrita foi mãe de leite do Pirulito e tinham uma relação de mãe e filho. Lembro que a Negrita deitava na garagem e logo, logo vinha o Pirulito e deitava junto, fazendo da barriga dela seu travesseiro.
Essa é uma história de uma vaca que se chamava Sombra, uma gata com o nome de Negrita e um cachorro linguiça de nome Pirulito.
Vivi essa história. Conto para vocês.
REMEMBER.
Valdomiro Tellechea da Silva
Dá para sentir o gostinho de infância! Um tempo em que a vida seguia em um ritmo mais lento. Muito bom!
Eu simplesmente adoro um conto assim: que parece manhã de domingo. Uma conversa descompromissada, com uma cuia de chimarrão na mão….!